sábado, 25 de setembro de 2010

Passagem.

...

A morte nada mais é do que uma passagem.
A passagem de um mundo que conhecemos bem, para outro totalmente desconhecido.
E, por isso, amedronta e traz dor...
Essa era a sensação de dois fetos gêmeos dentro do útero da mãe,  morte nada mais é do que uma passagem.
A passagem de um mundo que conhecemos bem, para outro totalmente desconhecido.
E, por isso, amedronta e traz dor...
Essa era a sensação de dois fetos gêmeos dentro do útero da mãe, que percebiam que chegava a hora de nascer.
Um perguntou ao outro:
- E aí, você acredita na vida após o parto?
E o irmão respondeu:
- Não, ninguém voltou para contar.
Nascer, para eles, seria passar de um mundo conhecido para o desconhecido...
Aquele mundo imenso fora dos limites do útero materno.
Quantas vezes nós também olhamos para a nossa vida com a mesma limitação?
Pois igual aos fetos, cremos que o mundo se reduz ao que conhecemos, ao que nos parece familiar, ao que podemos perceber com os nossos sentidos.
Os dois gêmeos, estavam familiarizados com o quentinho da bolsa, as batidas do coração da mãe e o alimento que chegavam fácil por um tubo...
Assustados, conversavam sobre aquele momento traumático.
Como seria o mundo lá fora?
Escuro?
Frio?
Ameaçador?
Estavam prestes a ser expelidos daquela penumbra repousante para um mundo de luz, cores, cheiros e ruídos...
Eles sentiam medo de sair dali...
As contrações começaram, o mundo em torno se fechava e eles estavam sendo forçados de lá para fora.
Ao nascer, o impacto dos pulmões se enchendo de ar pela primeira vez causou um impacto tão violento que até a memória da vida intra-uterina se extinguiu...
E o que eles tinham a frente era nada mais do que a vida...
A vida num mundo, até então desconhecido onde eles iriam crescer, se formar, ter descendentes, envelhecer e novamente se preparar para uma nova passagem...
Por isso, os monges beneditinos jamais falam de morte e sim de passagem.
Passamos por esta vida, como um grande presente de amor que Deus nos deu...
Nosso nascimento, "o nascimento desses fetos", certamente trará muita felicidade e amor aos seus pais e, vendo assim, como uma passagem, podemos imaginar que o que nos espera, na outra etapa, na outra passagem...
É algo muito melhor.
Nada mais natural que a morte!
E, tenho certeza que um dia todos nos encontraremos: de passagem.
A vida é um mistério maravilhoso!
Com esta linda mensagem, Ana Maria Braga prestou uma homenagem à Cissa Guimaraes neste momento de dor que paira na vida da atriz. O que eu desejo à Cissa e aos familiares de Rafael Mascarenhas é que apesar desta imensa e avassaladora dor, cravada no coração como uma flecha, é preciso acreditar que estamos de passagem neste mundo que talvez nada mais seja do que a barriga de uma nova mãe. O que há do outro lado, não sei! Ninguém, também, voltou para nos contar. Mas, chegará a hora que nasceremos de novo para uma nova vida... Para um novo mundo... Através de uma nova passagem.
Neste novo mundo, mesmo que Paralelo, nos encontraremos.
Que assim seja!

(Texto lido por Ana Maria Braga "Mais Você" em condolências  à apresentadora e atriz Cissa Guimarães após a perda do filho Rafael.) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário